domingo, 17 de abril de 2011

O ser sarcástico


Você costuma checar seus e-mails? Eu espero que sim, e que não ao mesmo tempo.

A gente se conhece né? sim, nos conhecemos muito. Pelo menos, você sabe quase tudo que eu sou eu e quase tudo de mim. Eu já te disse o quanto eu acho lindo seu jeito de escrever, é. Até se você estivesse falando mal da minha mãe, ou das mortes em Hiroshima, ou até mesmo do holocausto pra mim seria poesia. Seus textos me inspiram pelo único fato de eu te imaginar escrevendo eles. Você não me inspira seu bobo chato, seus textos sim. Então, acabei de ler um e senti vontade de escrever, mas sobre o que? Porque não sobre o que NÃO me inspira, se é a pessoa mais inspiradora que eu conheço? Aliás eu estava aqui pensando, porque eu nunca fiz um texto sobre você? eu escrevo sobre tantas coisas. Eu podia te xingar, te expôr, qualquer coisa, vamos fazer isso então!

Você foi um dos únicos razpazes (foram poucos, sendo um o meu pai) que me fizeram sentir uma coisa forte assim, que a gente acha que é forte o suficiente pra ser pra sempre, e eu nunca te escrevi nada, nem num papelzinho amassado. Dos poucos acima citados, você foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo de madrugada. E o único que sempre entendeu também, eu dormir meio triste porque é impossível abraçar sequer você, o que dirá o mundo (citei alguém). Esses dias eu li minha agenda e lá tinha escrito: “Hoje eu tentei me esquecer o outro e beijar muito o Plauto, primeira vez que eu consigo uma coisa que eu quero.” Eu fui escrota né? Dei risada e lembrei que em todos esses anos (acho que já fazem 5 e alguma coisa…) mesmo eu nunca tendo escrito nada pra você, eu por diversas vezes me imaginei com você. Porque você é um ótimo companheiro de não fazer nada e aproveitar a vida, mesmo você sendo esse ser sarcástico-lindo que você é.

Depois eu encontrei uma foto sua que eu revelei pra te ver enquanto falava com você nos segundos (é infeliz, eu tenho uma foto sua na minha agenda, eu não uso mais a agenda, mas ela ainda está lá se te serve de consolo), é aquela que você tá com um olhar de cigana oblíqua e dissimulada, que nem Capitu. E eu lembro que eu gostava de como você me fazia rir com suas ironias e como eu te fazia arrepiar (arrepios aqui também? hnm). Eu me sinto estranhamente uma pessoa má quando eu passo naquela praça perto do rio, mas de repente eu sinto uma coisa linda apertando o coração sabe? Aí depois disso eu lembrei de que alguns meses depois a saudade de você me incomodou tanto que eu pedi a minha mãe pra você ir com a gente à praia, que eu acho engraçado quando você diz Tibaú e não Tibau – como é o certo, mas não te corrijo e fico me roendo de vontade de rir. Dá um frio na barriga quando eu lembro que só de te ter ali comigo eu sentia um frio na barriga, e eu segurava sua mão, e eu caminhava na praia com você, fim de tarde na praia e tudo mais, você fazendo minha família toda rir, e me mandar namorar você, eu te apresentei algumas amigas minhas e me enchia de orgulho quando eu via os olhares delas pra você, e também por elas terem pensado que você era meu, que eu era sua. Eu era sua e nem sabia, como eu podia te dizer? Porque eu não te beijei? porque eu não aproveitei você? porque eu não suguei tudo de você?

Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu quando veio de Fortaleza pra Mossoró só pra me conhecer, ou quando me fazia feliz tentando me beijar insistentemente, ou mesmo quando você me xingava por eu só dizer que te amava e não fazer nada por nós dois. Também não sei porque você não mereceu um texto quando passou no vestibular  e VEIO PRA CÁ, VEIO COMEMORAR COMIGO, seua amigos aí e você queria estar aqui, ou quando você me disse a frase mais bonita da minha vida: “Eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu ficar te olhando”. Talvez eu devesse ter escrito um texto pra você quando eu te contei que eu tive um sonho, digamos caliente pela primeira vez, e você ficou soltando suas piadinhas sexuais que me matavam de rir, ou quando você me olhava de canto de olho deixando eu perceber que você estava me olhando assim, talvez se perguntando porque raios você fazia isso com você mesmo. Talvez porque você sabendo que a gente não ia se ver tão cedo, continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso, me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.

Depois você começou a namorar uma menina e, você deixou de gostar de mim, eu senti ciúmes, eu quis matar ela, eu senti uma falta absurda de você… Mas ainda assim eu deixei passar, uma linha sequer sobre isso. Depois eu pensei naquele dia que você me odiou porque eu disse que o outro lá era pra casar, e fiquei numa tristeza sem fim, mas pensei que a gente só odeia quem a gente ama e fiquei feliz, pode me xingar o quanto quiser tá? desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim (outra citação). Minhas piadas, minha posição em relação a algumas coisas, tudo é você. Minha personalidade tem um tanto de você que você nem sabe né? Quando eu cantarolo baixinho Belchior ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata, tudo é você. Quando eu coloco um brinco hippie ao invés de uma bijuteria. Ou quando eu saio de casa pra andar de ônibus e depois voltar pra casa. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer outra pessoa que só passou pela minha vida, talvez porque você não “só” passou. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia de outro homem no mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você.

Até agora, que eu estou na faculdade, e fui colocada pra fora da sala porque tava morrendo de rir da minha cara contando a uma amiga minha o quanto eu amei você e te deixei ir de graça, mesmo você querendo ficar - você queria ficar não era? - Daí eu descobri, talvez se você quisesse ter ido desde o início, ou se você nem tivesse vindo, ou se você não me quisesse, ou não me fizesse feliz, já tivesse um texto bem mais interessante que esse que você acaba de ler.
Inspirado por claro, Tati B.


Ei, eu te amo sempre, sempre, sempre amigão.

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