E aí? o que você tá fazendo?

- E aí? o que você tá fazendo? - A pergunta era uma espécie de alô. O que é interessante, porque eu costumava trocar o alô pelo O Que Você Tá Fazendo quando ligava para as minhas amigas. E também interessante pelo motivo de: Ele sabe que a resposta vai ser 'estudando', mas gosta de perguntar pra eu saber que ele se importa.
- Estudando.
- Hnm.
- E você? - Ele não fala outra coisa até que eu pergunte, mas eu gosto de perguntar, porque eu sei que pra ele significa que eu me importo.
- Então, deixa eu te falar - Um fato interessante sobre as pessoas em São Paulo é que quando elas vão te falar alguma coisa, elas avisam antes que vão te falar. Ainda não descobri a finalidade disso, talvez seja pra te preparar sobre uma coisa muito ruim, muito boa ou muito boba. E elas sempre falam sem que você dê a devida permissão ao pedido:
- Vão me liberar cedo hoje por causa da manifestação que vai ter aqui hoje.
- Mais uma vantagem das manifestações.
- Pois é! Vão me liberar cedo. E eu tava pensando, se você estivesse aqui...
- Ah, nem fala.
- Porque?
- Se eu não vou estar...
- Anh entendi, e se eu começar a frase com "quando você estiver"?
Eu gosto de como ele faz pra conseguir o que ele quer sem me contrariar. É um jeito de não se dar por satisfeito com meus caprichos, de tirar vantagem das minhas cortadas.
- Assim pode.
- Quando você estiver aqui eu quero te levar no cinema. Eu sei que você vai querer sair com as meninas, mas eu tô merecendo uma tarde no cinema. Que filme você quer ver? Aliás, que tipo de filme você curte? - é assim que as ligações de 2h, 3h horas são preenchidas.
- E pra jantar? a gente já viu o filme, eu só posso te devolver depois do jantar. O que você gosta de comer? Nossa, uma vez eu comi um troço tão ruim... mais uns minutos pras ligações de 2h, 3h...